“Trilhas da Cidadania” transforma São Paulo em sala de aula para imigrantes

Aprender um novo idioma é um dos maiores desafios que o imigrante enfrenta, independente de sua origem ou destino. Sem a capacidade de se comunicar, atividades corriqueiras do dia a dia se tornam problemáticas e dificultam a inserção e adaptação dos recém-chegados a um país e cultura diferentes da materna.

Enquanto o poder público em geral ainda carece de estrutura básica para atender essa demanda, diversas entidades e projetos da sociedade civil assumem a tarefa de ensinar a língua portuguesa para os imigrantes. Outros ainda aproveitam as aulas para mostrar também um pouco da cultura e de como funciona o Brasil.

Um exemplo de iniciativa que vai além das aulas de português é o projeto Trilhas da Cidadania, fruto da parceria entre a ONG Cidade Escola Aprendiz, Caritas Arquidiocesana de São Paulo e a Editora Moderna. O objetivo é apoiar a integração de imigrantes e solicitantes de refúgio por meio do ensino da língua portuguesa e de aspectos gerais do país.

Crédito: Rodrigo Borges Delfim
Aula do Trilhas da Cidadania, no Museu de Arte Sacra. Crédito: Rodrigo Borges Delfim

“Temos um foco particular em língua portuguesa, cultura brasileira e como funciona a sociabilidade na cidade de São Paulo”, explica o educador Felipe Bueno, que está à frente da atual turma do Trilhas da Cidadania. “É um curso curto, que tem uma carga grande de vocabulário e gramática para sua duração [em torno de quatro meses]. Mas dá para ver que eles estão se apropriando lentamente”, completa.

Criado em agosto de 2012, o projeto está em sua quarta edição – iniciada em agosto último e que deve ser concluída no final de novembro. A Caritas é a responsável por selecionar e encaminhar os alunos para o projeto – as aulas acontecem três vezes por semana em uma sala cedida pelo Museu de Arte Sacra de São Paulo.

A turma atual é composta por alunos da Nigéria, Síria, Camarões e Iraque. Migrantes de outros países, como Senegal, República Democrática do Congo, Serra Leoa, Espanha, Peru, Sri Lanka, Haiti e Libéria também já passaram pelo Trilhas da Cidadania nos últimos dois anos – a seção de autobiografias do blog do projeto traz alguns desses perfis.

Aprendendo com o cotidiano

O sistema de ensino do Trilhas da Cidadania consiste em combinar atividades em classe com percursos pela cidade. Dessa forma, além da língua portuguesa, o aluno também fica conhecendo mais do local em que está vivendo (espaços culturais, pontos históricos e locais de referência). Com isso, promove-se não apenas a consolidação do aprendizado do idioma, mas também permite uma melhor adaptação cultural dos recém-chegados à cidade.

Uma parte das atividades agendadas e preparadas têm como origem certas demandas dos próprios alunos, combinadas com ideias do educador. “Esta turma, por exemplo, é bastante interessada em História do Brasil”, conta Bueno.

As aulas são todas em português, embora sejam usadas intervenções bem pontuais em inglês para evitar dispersão dos alunos com seus idiomas maternos (como o igbo entre os nigerianos, e o árabe, com sírios e iraquianos).

Migrantes de ontem e de hoje, frente à frente. Crédito: Rodrigo Borges Delfim
Migrantes de ontem e de hoje, frente à frente.
Crédito: Rodrigo Borges Delfim

Para outras informações consultar:

“Trilhas da Cidadania” transforma São Paulo em sala de aula para imigrantes

http://trilhasdacidadaniablog.wordpress.com/

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“Trilhas da Cidadania” transforma São Paulo em sala de aula para imigrantes

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